quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um presente de natal...


Esse post é só para compartilhar um momento maravilhoso que acabou de acontecer comigo.
Esse senhor da foto se chama Osvaldo.
Nos conhecemos em meados do ano de 2006.
Desde então, sem falhar um natal sequer, ele me traz uma lembrança.
O único problema é que eu nunca estava em casa, por isso ele deixava ou na caixinha do correio ou entregava para outra pessoa que estivesse em casa.
Hoje, no entanto, recebi o melhor presente que foi estar em casa no momento em que ele foi me levar a tradicional lembrança de todos os natais.
Sua visita rendeu sorrisos, risos, lágrimas.
Um senhor com uma família maravilhosa que viu em mim algo que ninguém nunca viu, nem eu mesma.
E ele faz questão de todos os anos me lembrar do quanto eu posso ser melhor, do quanto eu sou melhor e do quanto ele quer me ver feliz.
Um amor singelo cultivado ano após ano em encontros esporádicos nas ruas dessa pacata cidade.
É incrível ver a alegria que ele sente ao me ver e o quanto é sincero em suas palavras.
É incrível como ele não tem medo de demonstrar o carinho que tem por mim e por tantas outras pessoas.
Ele veio e me trouxe o melhor presente: a esperança.
Essa que por alguns momentos parecia ter desaparecido completamente.
As palavras dele foram simples, mas me mostraram que nem tudo está perdido, ou melhor, nada está perdido.
Que há muita coisa para se fazer ainda.
Há um Deus que nos ama e que nunca vai nos abandonar.

Depois de muita conversa, ele convidou a Fátima para se juntar a nós e rezar um Pai Nosso.
No final de tudo falou em polonês uma palavra que eu não entendi.
Ele sorriu para mim e para a Fátima e disse: Amemo-nos.
Amemos as pessoas sem medo, amemos que é o melhor que podemos fazer.

Repetiu a mesma coisa mais algumas vezes com lágrima nos olhos.
Se despediu e desejou, por fim: Sejas feliz, meu anjo.

Obrigada, meu Deus, por eu ter pessoas assim.
Obrigada, meu Deus, por existirem pessoas assim.
Obrigada, meu Deus, muito obrigada!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Teoria da História Cíclica


(O ponteiro do relógio sempre torna a passar pelo mesmo lugar.)

"A história é cíclica", disse uma tal professora para uma tal pessoa.
Disso eu já sabia, só não queria admitir que seria assim comigo também.
Porque existe uma parte da minha vida, essa parte que se repete há tempos, da qual eu não consigo me desprender.
Aconteça o que acontecer, haja o que houver, passe o tempo que passar, sempre vai ser assim, da mesma forma.
Muda o lugar, mudam as pessoas ao redor, muda a ocasião, mas existe uma coisa que não muda.
Uma coisa que faz pulsar mais rápido aquilo que chamam de coração e que eu insisto em chamar de um órgão de concreto revestido de aço.
É uma coisa diferente, que não acontece sempre com todo mundo.
Aliás, não acontece com mais ninguém, conclui eu certo dia.
É uma coisa que grita aos olhos e que silencia a boca.
É uma coisa que eu não consigo explicar com uma única palavra.
É algo que faz o riso permanecer quase o tempo todo no rosto.
E esse riso bobo tenta buscar motivos para estar ali e para isso fica contando piadas e falando bobagens.
Mas, na verdade, ele só está ali porque é ali que ele deve estar quando a história se repete.
Esse sorriso tosco que engrandece a boca só tenta dizer o que a voz emudece.
Não, não estou falando de paixão, amor... Nem tampouco falo de uma simples amizade.
É um algo a mais, um toque a mais.
Porque enquanto muitos não se sustentam sequer com beijos demorados e apaixonados, nós nos sustentamos apenas com o toque das mãos.
Aquele toque sutil que revela o carinho e a preocupação, que revela que esse órgão de concreto revestido de aço ainda pode bombear um pouco de sangue, um pouco de carinho, um pouco de tudo que há de bom.
Não há nada, nada que se compare, nada que se explique.
Como não há palavra que determine, portanto vou apenas chamar isso de Teoria da História Cíclica.
Mas, não se engane, ela não vale pra todo mundo.
Ela não acontece com todo mundo.
Ela é instável e pode causar dor.
É uma teoria que não se aplica às pessoas insensíveis.
Em algum momento ela pode te decepcionar, mas com certeza, quando tudo se repetir e se estabilizar de vez, você vai perceber que não poderia ter sido diferente.
Vai perceber que era exatamente assim que tinha que ser.
Que não há como mudar uma história cíclica.
Não há como mudar uma teoria.
Não há como mudar um motivo.
Esse que, por vezes, é o motivo das tuas lágrimas, mas que, na maioria dos dias, se você permitir, pode vir a ser a grande causa do teu sorriso.

(Porque não há amizade sem amor. Não basta ser A.G., tem que ser P.G.)

domingo, 20 de novembro de 2011


O mar amava a lua porque ela se refletia na sua extensa superfície.
Ele via ela, mas ela nem sabia que ele existia.
Esse mar tão gigante podia carregar dentro de si todo o amor que a lua precisava.
Ele podia lhe oferecer as mais diversas experiências, as mais diversas espécies de seres, desde os mais belos até os que se escondiam no obscuro de sua profundeza.

Todas as noites, sem exceção, o mar admirava a lua.
Admirava a forma como ela existia, e isso bastava.
Por mais que às vezes ela diminuía seu brilho em seu ciclo natural, ainda assim o mar encontrava nela detalhes tão belos que nem ela mesma podia imaginar.

Era um amor impossível.
O mar que amava a lua.
A lua que não era mar.
O reflexo dela unia os dois.
O reflexo dela unia o mar ao mais sincero sentimento que ele guardava dentro dele mesmo.

E esse sentimento doía, ardia, queimava, chorava, gritava querendo se fazer ouvir.
Mas, por mais que gritasse, o mar continuava silencioso e inexistente para a lua.
Essa coisa de querer, mas querer tanto que as forças para lutar acabam se perdendo.
Essa coisa de amar, mas amar tanto que chega a se tornar raiva, raiva de si mesmo.

Esse mar que amava, que ninguém amava, que virava pó aos poucos.
Que virava pó.
Aos poucos virava pó.
E virava pó.
Virava pó.
Pó.

domingo, 28 de agosto de 2011

A verdade é que...


Eu não sei se você sabe...
É, você. Você mesmo.
Eu não sei se você sabe, mas existe alguma coisa em você que me hipnotiza.
Não é apenas a beleza, o jeito, a inteligência ou o modo de andar.
É algo a mais... Talvez seja algo que esteja escondido nesse seu sorriso e nessa sua forma de sorrir com os olhos.
É um mistério.
Não quero fazer parecer algo que não é.
Nem tão pouco quero ocultar esse sentimento dentro de mim.

Pra ser sincera, eu gostaria de bater na sua porta.
Bater insistentemente até você abrir.
E, depois de aberta a porta, provavelmente eu ficaria sem reação.
Não porque eu não estivesse preparada para essa situação, mas certamente ficaria tonta (como sempre) ao ver você parado na porta olhando para mim sem entender o que está acontecendo.
E esse seu olhar de dúvida me deixaria mais tonta ainda.
Eu inventaria uma desculpa esfarrapada.
Muito esfarrapada.
Afinal, por que eu iria bater justo na sua porta em um momento como esse?
Mas, eu não teria medo.
Já me arrisquei tantas vezes, uma a mais não faria diferença.
Por você vale a pena.
Vale a pena esperar meses para ouvir as mesmas respostas, as mesmas desculpas.
Eu poderia poupar você de todo esse discurso repetido.
Mas eu não quero poupar nada. Nem a mim, nem a você.

Às vezes me pergunto se não seria mais fácil te esquecer.
Tantos meses já teriam feito você virar pó em minha memória.
Mas você não vira. Você insiste. Você fica.
Você ressurge, você pede e você se arrepende.
E se arrepende de novo, e de novo, e mais uma vez.

E a cada arrependimento seu, eu digo a mim mesma para não me apaixonar por ti.
Você é proibido.
E por mais que eu repita mil vezes isso para mim, sempre acabo enrolada na mesma teia.
Essa teia cheia de encontros e desencontros.
Esse emaranhado de sentimentos e vontades que só tenho com você.

Eu sei que, agora, não posso pedir muito.
Ou melhor, não posso pedir nada.
Por isso sigo assim, dessa forma: aproveitando sempre o máximo do mínimo que você pode me dar.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Alguns brincos, um esmalte nas unhas e uma maquiagem a desenhar o rosto.


Sabe, eu sempre fui muito ligada na questão da vaidade.
Sempre gostei de me produzir para me sentir bem comigo mesma e, confesso, causar boa impressão para as outras pessoas.
O fato é que de uns tempos para cá eu venho me desligando muito dessa história de ter que me produzir para sair de casa.
Geralmente, fica explícito o meu estado de humor na forma como me visto.
Infelizmente, as roupas que eu tenho usado, a falta de maquiagem no rosto e as unhas por fazer denunciam meu desânimo atual.

Estou contando tudo isso porque nesse final de semana que passou estive conversando com uma pessoa que é muito especial para mim e que tem me ajudado muito com algumas decisões que eu venho tomando em minha vida.
No meio da conversa ela parou, olhou para mim e da forma mais espontânea e sincera me perguntou: por que você não usa mais brincos?
Fiquei em silêncio por alguns instantes e, por mais que meu cérebro se esforçasse em tentar resgatar algum fato isolado para responder àquela pergunta, ele não conseguia.
Resolvi, por fim, admitir que não tinha mais tanta vontade de me produzir como antes.
Ela olhou para minhas mãos, percebeu as unhas não pintadas e questionou a respeito delas também.
Nesse momento eu lembrei que minha psicóloga já havia me questionado várias vezes sobre isso, sobre a Gabriele vaidosa que ela conheceu e a Gabriele que sentava-se diante dela nos últimos tempos para falar de suas intimidades.

Pois bem.
Passou o final de semana e eu resolvi que algo deveria ser mudado.
Algo que partiria do mundo exterior, mas que causaria mudanças dentro de mim.
Vesti uma calça jeans, coloquei minhas botas, vesti minha blusa xadrez e parti rumo às lojas de bijuterias.
Fiz um pequeno roteiro, passando por três delas e calculando quanto eu gastaria em cada uma.
Na primeira, parei diante da parede forrada de brincos de todos os tipos e valores.
Fiquei uma meia hora a procurar algo que me agradasse.
Coisas que eu pudesse usar a hora que quisesse.
Olhei brincos extravagantes que nada tinham a ver com a minha personalidade e que demonstrariam algo que eu não sou.

Até que, no meio disso tudo, encontrei um pequeno brinco. Ele não era o mais bonito, nem o mais chamativo. Não era o mais pequeno, mas também não se enquadrava entre os brincos grandes.
Ele era simples. Tão simples quanto tem sido minha vida.
Sem muitas riquezas, sem grandes acontecimentos (salvo alguns poucos e bons).
Percebi que na simplicidade daquele brinco estava muito de mim mesma. Estava o olhar muitas vezes perdido na imensidão de um céu que já não ostentava tantas estrelas. Estava também a minha forma de lidar com as pessoas, uma forma simples, mas com muito carinho a oferecer.

Tirei ele da prateleira e o comprei.

Fui para a outra loja.
Logo na entrada me deparei com um brinco que me chamou muito a atenção pela sua beleza.
A beleza dele era diferente, assim como a minha.
Não estou tentando dizer que sou bonita, até porque minha baixa auto-estima tem insistido em dizer o contrário, mas quero dizer de uma beleza que eu ainda sei que existe em mim.
Uma beleza que está escondida entre os destroços de uma tempestade que passou.
Uma beleza mais interior que exterior. É uma beleza recheada de sonhos, de vontades, de medos, de mistério.
Uma beleza que traz a humildade do meu pai e a coragem da minha mãe.
Uma beleza que eu quero resgatar, que eu estou resgatando...
Tão bela quanto aquele brinco eu quero ser.

Tirei ele da prateleira e o comprei.

Na terceira loja, porém, não encontrei nada que me agradasse.
Revistei cada canto daquela parede e não encontrei nada.
Foi então que eu percebi o quanto estava sendo exigente.
Não apenas exigente com relação a isso, mas com relação a mim mesma.
Quantas vezes me cobro de coisas que não há necessidade.
Quantas vezes exijo de mim algo que não precisa ser exigido.
Quantas culpas carrego que não são minhas...
Olhei, então, mais uma vez para os brincos.
Escolhi o mais barato.

Tirei ele da prateleira e o comprei.

Não estou querendo esboçar uma aparência falsa.
Quero apenas voltar a ser quem eu sempre fui.
Alguém que quer estar de bem consigo mesmo, que quer se olhar no espelho e não sentir repulsa da imagem refletida.
Alguém que quer estampar uma felicidade provisória no rosto, mas que logo se tornará uma felicidade de alma.
Alguém que não busca parar o trânsito, mas quem sabe por alguns segundos parar o coração de alguém.
Alguém que quer viver intensamente cada momento, que quer espantar o sofrimento, nem que seja com alguns brincos, um esmalte nas unhas e uma maquiagem a desenhar o rosto...







domingo, 19 de junho de 2011

Vocês, tão vocês...


É, preciso admitir: sinto sua falta.
Sinto falta das nossas conversas, dos seus sermões, das suas risadas.
Sinto falta daquele sorriso estonteante que me fazia encher de brilho os olhos...
Sinto sua falta...
Falta daquele andar despreocupado, daquele abraço apertado que só você sabia dar.
Sinto falta de poder discutir contigo, de poder falar sobre qualquer coisa.
Que falta me faz pisar em teus pés e junto contigo dançar uma valsa lenta cantarolada pela tua voz rouca e cansada.

Eu tentei fugir dessa saudade, dessa falta que você me faz.
Tentei escapar por outras vias, tentei me esconder atrás de máscaras.
Mas não adianta. Você continua aqui, no peito, pulsando junto comigo.
A cada palavra, a cada gesto, a cada passo.
Tudo que eu faço, tudo que eu sou. Tudo eu devo a ti e...
E...
E a ti... Como poderia me esquecer?
Você, tão forte, tão guerreira, tão batalhadora.
Tudo que eu estou contruindo em minha vida, hoje, dedico a ti.
Como você me encanta, me inspira, me fortalece.
Como você se faz homem sendo tão doce mulher.
E que mulher!
Mulher que faz milagres, que derruba muros e ajuda a construir sonhos.

Sinto sua falta também...
Falta das nossas confidências, das nossas brigas.
Sinto falta de acordar de manhã e receber seu abraço e de noite, quando a lua insistir em iluminar a escuridão, adormecer no teu colo no silêncio magnífico de sua respiração.

Vocês, tão vocês...
Vocês que tanto me fizeram e pouco receberam em troca...
Como fazem falta, meu Deus, como fazem falta.
Como sinto falta...

Fica aqui o vazio de quem tentou escrever até o final e não conseguiu.
De quem tentou buscar traduzir em palavras um sentimento que não se traduz, apenas se sente.

Amor, em silêncio, amor.


segunda-feira, 7 de março de 2011

É disso que eu estou falando.


Tem gente que acredita em coincidência.
Tem quem acredite em destino.
Eu acredito em hora, lugar e momento certo através de Deus.

É justamente nas horas em que mais precisamos que aparecem as pessoas certas para o papel certo dentro de nossas vidas.
Isso chega ao ponto de parecer estranho e contraditório, visto que acreditamos já termos as pessoas certas para os momentos mais difíceis e que estas nunca vão nos abandonar.
Contudo, tudo se inverte ao sofrermos.
Sofrer é algo que afasta aqueles que, na verdade, não eram tão amigos quanto pareciam.
Sofrer, porém, também é algo que aproxima aqueles em quem realmente podemos confiar.
E é exatamente desse ponto que falo, dessa magia que acontece, ou melhor, dessa benção que ocorre em nossas vidas sem que muitas vezes percebamos.
Conhecer quem se deve, como se deve e no momento que se deve.

Salvo isso, gostaria de falar um pouco da minha felicidade.
Sim, FELICIDADE.
É estranho falar disso depois de tanto sofrimento.
A felicidade é feita de momentos.
Os momentos de dor são normais, assim como os momentos de felicidade.
Tudo se encaixa perfeitamente gerando um equilíbrio vital e muitas vezes inesperado.
Podemos não perceber, mas o sofrimento deve fazer parte de nossas vidas para que possamos valorizar ainda mais os pequenos momentos de felicidade.
Um flor que desabrocha, o sol que se põe no horizonte, as estrelas do céu em uma noite fria, o vento batendo no rosto com uma boa companhia... Momentos! Simples momentos de pura felicidade.
Como não se sentir feliz ao ver uma borboleta colorida batendo suas asas em um voo quase sublime?
Como não se encantar com o a natureza perfeita que Deus criou?
Como não apreciar o doce prazer de ver o sol poente em um horizonte inalcançável, porém visível aos nossos olhos?
Aliás, como não ser feliz pelo simples fato de poder ver tudo isso?

Eu penso, penso, e não encontro palavras para terminar esse simples e curto texto.
Felicidade. É esse o sentimento que eu tenho hoje.

(Na foto: minha irmã, minha mãe e eu, Felizes!)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Lembranças


É muito estranha toda essa coisa de querer e apenas querer.
Não poder ter.

Ontem eu estava sentada no sofá da sala assistindo ao jogo do Ypiranga contra o Coritiba e o Ypiranga acabou perdendo. O jogo até que estava equilibrado, mas meu time não levou muita sorte dessa vez. Vai ver que era para assim ser, não é?

Bom, mas o fato que eu quero contar vai um pouco além de um jogo de futebol. Minutos antes de começar o jogo um primo meu chegou aqui em casa. Sentou-se, tomou um café e comeu alguns pães.
Nesse meio tempo, minha mãe resolveu perguntar (mais uma vez devido à sua memória já meio falha) para que time meu primo torcia. Ele respondeu que era o mesmo time do meu pai, o Internacional.
Salvo os enjôos que tive ao ouvir essa palavra e a repulsa que senti naquele momento, senti um certo alívio, pois com certeza meu pai não escolhera torcer para aquele time por acaso.
Minha mãe ficou empolgada com a (re)descoberta e de súbito falou: Você não gostaria de ganhar alguma camiseta do Inter?
Sem pensar duas vezes ele respondeu que sim.
Sim, ele gostaria de ganhar as camisetas que eram do meu pai...
Minha irmã correu para o quarto e pegou as duas camisetas que haviam e trouxe para a cozinha.
De repente, tudo começou a acontecer mais rápido. Quando percebi estávamos no quarto dos meus pais escolhendo mais camisetas para dar ao meu primo e, de repente, eu estava sentada na sala assistindo ao jogo como eu contara no início.

Minha mãe foi até o porão. Trouxe duas sacolas cheias de roupas.
Foi mais uma vez e trouxe mais duas e dois pares de chuteiras.

Foi ali que eu percebi o que estava acontecendo. Nós estávamos nos libertando daquilo que nos aprisionava sem querer.
Três anos se passaram desde que ele se foi e só haviam restado aquelas roupas de concreto.
No entanto, por mais materialistas que nós sejamos, aconteceu algo ontem à noite que nos permitiu viver com as lembranças, e não com roupas mofadas e calçados sem pés para serem usados.
As lembranças de cada momento que tínhamos vivido valiam muito mais que qualquer outra coisa. Nada podia ser comparado à doce lembrança do abraço cruzado com meu pai (aquele de coração com coração), das danças em cima dos pés dele, das histórias incríveis sobre sua infância e juventude, dos conselhos intermináveis e das lições de vida que ele repassara para nós sem muitas vezes perceber.
De fato, ontem à noite foram-se as roupas, contudo restaram as lembranças, e essas, meus queridos, ninguém vai poder levar embora.


(Na foto, uma família que dá saudade...)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


O sol irradiou novamente minha face.
Uma luz contornou o meu corpo.
Um pedido foi atendido: Estou curada.
Curada daquela solidão, do sofrimento.
Da angústia, da tristeza.
Estou curada de corpo e alma.

A tempestade foi embora, embora eu saiba que haverão dias chuvosos.
Mas, eu os enfrentarei de cabeça erguida e com os pés no chão.
O medo de tentar já não faz parte da minha lista de sentimentos.
O sol voltou a brilhar, o mundo voltou a sorrir.
Ou melhor, eu voltei a sorrir para o mundo.

Agora sim posso dizer:
"Pai, meu grande amor, aqui também está tudo bem..."

Ps. post pequeno só para colocar um pouco pra fora o que estou sentindo... E na imagem, o meu sorriso...