terça-feira, 4 de setembro de 2012

Carta para o futuro


Esta carta, de minha própria autoria, foi lida como forma de homenagear o nono e a nona nos seus 68 anos de matrimônio.
Emoção à flor da pele.
Espero que gostem.

CARTA PARA O FUTURO

"Olá!
Aqui quem fala é uma das netas da Humilde e do Jacob Dors cujo nome não importa, mas que tem a certeza de que a experiência de ter sido neta dessas duas personalidades causa grande orgulho e é motivo de inspiração sem fim.
Gostaria de dizer que não ouso, em momento algum, parecer mais do que uma simples transmissora de meus próprios pensamentos com relação a tudo que aprendi convivendo e observando esse casal que hoje comemora 68 anos de matrimônio. Sou apenas mais uma dentre tantos que, com certeza, pensam e sentem o mesmo que eu.
Quando resolvi escrever-lhes essa carta, foi para que todos, de alguma forma, se identificassem com ela e se sentissem também autores dessas palavras que pouco representam diante da dimensão do amor que temos pelos dois maiores exemplos de nossas vidas.
Partindo do princípio, quando penso na figura desse casal, surge em minha mente uma lista de adjetivos que não é menor do que a lista de adjetivos que relaciono à palavra Deus. Se isso parecer exagero para você, meu caro leitor, então lhe aconselho que pare agora mesmo de ler essa carta. Caso contrário, siga em frente.
Como ia dizendo, quando paro e penso a respeito desse grande homem e dessa grande mulher, não consigo não me emocionar, tamanha é a admiração e o respeito que tenho por eles. Penso neles e meu coração explode de amor, de carinho, de paz. Quem nunca passou por uma fase difícil e não foi até a casa do nono e da nona para encontrar um pouco de paz, para pensar a respeito da vida ou simplesmente aproveitar e admirar a imagem desses dois ‘bons velhinhos’ sentados um ao lado do outro, na cozinha, com as mãos incansavelmente unidas?
Quem nunca procurou no olhar doce e afável da nona uma resposta para todas as perguntas? Quem nunca se sentiu a pessoa mais segura do mundo após pedir para a nona que fizesse uma oração em sua intenção? Quem nunca sentiu o coração transbordar de alegria ao ouvir a risada sincera e melódica dela? Quem nunca sentiu o coração se partir ao ver a dor dela? Quem nunca se sentiu a pessoa mais feliz do mundo a cada vitória dela?
E o nono, minha gente... Quem nunca se emocionou ao ouvir aquela linda voz entoar cânticos já esquecidos por muitos, mas que na voz impecável dele se tornam inéditos e abençoados? Quem nunca sentiu a força de Deus na oração banhada a fé e esperança que ele faz todos os dias, sem falhar? Quem nunca se impressionou com suas histórias repletas de ensinamentos e que são exemplos de força, união e fé?
Eles são exemplo de praticamente tudo.
São exemplo de fé, de muita fé. Não há nada no mundo que abale a fé deles. Não há dor, não há perda, não há tristeza que faça diminuir a fé deles. Fé, fé e fé. Foi com ela que eles venceram todos os obstáculos da vida. É com ela que eles vivem até hoje.
São exemplo de casal. Eu, particularmente, não vejo imagem que se compare a de eles dois sentados, um ao lado do outro, sempre de mãos dadas. Não conheço nenhum outro casal que, após 68 anos, ainda pratique o amor de uma forma tão pura como a deles. Não consigo imaginar palavras mais sinceras do que as que cada um deles dedica ao outro. E vocês, meus caros leitores, não podem abrir mão de acreditar que, daqui alguns anos, vocês estejam da mesma forma que eles. Acreditar no amor e respeitar o outro, talvez esse seja o segredo. Ou talvez não exista uma fórmula, o amor talvez simplesmente aconteça. O fato, meus queridos, é que com eles aconteceu e acontece até hoje. E a cada dia se torna mais forte e sincero. Eu admiro isso e quero ser pelo menos um pouco do que eles são hoje. E eu sei que você também quer...
São exemplo de família. Pai, mãe, tio, tia, irmão, irmã, avô, avó... Basta olhar para o seu lado agora e ver os frutos deles espalhados por todos os cantos. Não deve ter sido nada fácil criar tantos filhos e dedicar o mesmo amor a cada um deles. É, no mínimo, obrigação de cada filho agradecer a Deus todos os dias por terem pais tão bons quanto eles. É obrigação também dos netos demonstrarem incansavelmente a gratidão por eles terem sido mais que avós, por terem sido como segundos pais. Agradecer por todos os conselhos, pelos abraços carinhosos, pelas orações, pela dedicação e, principalmente, pela força que eles sempre tiveram diante das mais difíceis situações.
Mais uma vez olhe para o seu lado. O que você vê, então? Uma grande família reunida por um único propósito: comemorar e celebrar a vitória da vida. Isso mesmo: A VITÓRIA DA VIDA. Porque eles venceram tudo para estarem aqui hoje. Venceram as dificuldades, venceram o medo, venceram a ausência de pessoas queridas, venceram a saudade, venceram doenças, venceram e continuam vencendo. Eles são a representação viva do que é ser vitorioso e, acima de tudo, do que é ser vitorioso sem perder a humildade.
Humildade. Se existe uma palavra no dicionário que possa descrevê-los nesse momento é essa: HUMILDADE. Devemos concordar que não é nada fácil permanecer humilde diante das tentações da vida, mas eles conseguiram.
Acredito que não poderei escrever exatamente tudo que penso a respeito deles. Acredito que você também não conseguiria. Portanto, paro agora e deixo apenas algumas palavras de William Shakespeare sobre o tempo e o amor que, afinal, é o que estamos comemorando hoje:
O tempo é muito lento para os que esperam,
Muito 
rápido para os que têm medo,
Muito longo para os que lamentam,
Muito curto para os que festejam,
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.”
Um grande abraço! Com todo o carinho do mundo..."

sexta-feira, 15 de junho de 2012

(...)



Eu tenho um segredo para contar, portanto fiquem quietos e me ouçam.
O que eu tenho para contar é algo de tamanha importância que não cabe descrever aqui.
Mas, eu preciso de silêncio, sobretudo.
Preciso que o vento se acalme e que a brisa seja tão leve que não cause barulho algum em meus ouvidos.
Preciso que os carros se aquietem, que eles parem com toda essa loucura de correr contra o tempo para chegar a tempo.
Por mais estranho que pareça, eu preciso que vocês parem de respirar por alguns segundos, pois o barulho que o ar faz quando entra nos pulmões pode atrapalhar e vocês podem não escutar meu segredo.
Para o silêncio absoluto, preciso que os bebês parem de chorar por um breve instante. Portanto, se você tem algum bebê por perto, acalme-o cantarolando canção qualquer que o faça adormecer.
Eu preciso também que se calem os passarinhos. Sei que o cantar deles é tão belo que não deveria cessar nunca, mas eu preciso desse silêncio. Talvez você more tão rodeado de pedra e cimento que jamais ouça o som dos passarinhos, então esse pedido não vale para você.
Preciso que meus vizinhos parem de discutir, pois, se eles continuarem, não terei silêncio absoluto e não poderei contar meu segredo.
Preciso que os elevadores parem de funcionar. Suba pelas escadas com pés de algodão para não fazer barulho.
Preciso que parem de escrever, de digitar. O som do teclado se ouvirá a distâncias infinitas quando os outros sons se calarem.
Fique aí, exatamente como está.
O silêncio é completo.
Não há nada que me impeça de contar meu segredo.
Tudo está em silêncio, em total silêncio.
Agora ouça. Ouça atentamente:
O silêncio.

(palavras soltas, sem muito sentido talvez.)

sábado, 19 de maio de 2012

Carta para um amigo

Olá!
Como você está?
É, você está sofrendo, eu bem sei.
E como fico admirada com o seu sorriso enfeitando um rosto com tantas marcas de sofrimento. Fico admirada porque sei que não são poucas as vezes em que esse sorriso brotou de um esforço estupidamente grande.
Por tantas e tantas vezes esqueci que você não é um super-herói e lhe cobrei, em pensamento, que colocasse o brilho no olho que me encorajou tanto quanto o "perder das contas" no qual me encontro agora.
Porque você faz parte da minha história e nela tem um papel de importância maior que a importância que dou para aquilo que realmente importa.
Não quero ser redundante, de forma alguma. Quero apenas que saiba que aqui se encontra alguém que quer dizer e escrever e cantarolar e balbuciar e, por fim, falar coisas que dificilmente poderia dizer de outra forma se não essa.

Que batalha, heim meu irmão?
Essa vida não é fácil, eu já sei. Porque cada degrau que subimos parece trazer consigo um abismo como obstáculo a ser superado. E cada degrau que você sobe é motivo de alegria para aqueles que só querem o seu bem. E cada abismo que aparece na sua frente é motivo de angústia para aqueles que não querem o ver sofrer.
E mesmo quando a vida insiste em lhe desafiar das formas mais infelizes e, por vezes, até mais improváveis possíveis, você é exemplo e se torna mais admirável ainda.
E que exemplo, não é?
Exemplo que leva uma multidão de pessoas que uma vez ou outra citam seu nome como justificativa para seguir lutando.
E por tamanho exemplo que é, eu fico mais orgulhosa ainda de ter você como um amigo, um irmão.

Hoje, a batalha é dura, é cruel, é triste, é grande. É d-o-l-o-r-o-s-a.
Mas, é apenas mais uma batalha. E dela você vai sair vencedor.
Porque não consigo imaginar qualquer fracasso da sua parte e não vou permitir que isso aconteça.
Lute, acredite, lute, ame, lute, chore, lute, sonhe, lute.
Lute como eu lutei e como continuo a lutar, lute porque foi você quem também me ensinou a lutar.

Já escrevi tantos textos nesse blog que poucos leem.
E, se observar bem, escrevi apenas sobre aquele que realmente importam na minha vida.
Escrevi sobre aqueles que admiro, sobre aqueles que são força em forma humana, que são coragem plena.
E agora chegou a sua vez, meu amigo!
Não que seja a maior homenagem do mundo, pois sei de muitas outras tão lindas que você já recebeu que admito sentir certa vergonha ao prestar essa singela homenagem para você.
Mas, preciso, de alguma forma, agradecer.
Agradecer por todos os abraços, todas as palavras de carinho, todas as risadas que abafaram o choro.
Obrigada pelas sábias palavras, pelos conselhos.
Obrigada até mesmo por ser tão chato ao falar do seu time e insistir em humilhar o meu.
Talvez se não fosse por tudo isso, hoje eu não estaria aqui expondo tudo isso.
São poucas as pessoas para as quais eu devo meu agradecimento por estar onde estou hoje, por estar bem como estou e você, meu grande amigo, está entre elas.
Está entre elas porque não há outro lugar no qual você possa se encaixar na minha vida.
Obrigada, obrigada e obrigada.

Estou contigo assim como você sempre esteve comigo.

Ah! E quanto a mim... Eu estou bem! Muito bem! 
Fica com Deus e com todas as coisas boas desse mundo.

Um abraço apertado, um olhar sincero e uma palavra bonita.

Com carinho,
       Gabriele Dors Schillo


sábado, 14 de abril de 2012

Tanto tempo.


Você tem um segredo?
É?
E por que esconder por tanto tempo, tanto tempo, tanto tempo que chego a perder as contas?
E por que deixar ele virar isso, te fazer virar isso, isso que nem enxergo, que não quero enxergar?
E por que tanto tempo, tanto tempo, tan-to tem-po...

Podia ter falado, gritado.
Podia ter berrado.
Podia ter calado.
Podia ter evitado.

Mas, por que não foi a única? Não é a única?
Por que não é a última a se calar, se fechar, a tornar um segredo que não deveria ser?

E por que por tanto tempo, tanto tempo, tanta coisa acontecendo, e tanto tempo?

Podia ter batido.
Podia ter chutado.
Podia ter fugido.
Podia ter matado.

Mas, minha pequena, quem lhe julga não é nada.
Quem lhe julga é ignorante.
Porque, minha pequena, pequena era.
E, por tanto tempo, tanto tempo, tanto tempo pequena foi.

Podia ter falado, podia ter contado.
Mas que medo tinha você?
Que fantasma lhe atormentava a ponto de.?

Não lhe julgo, ignorante não sou.
Nem a você, nem a nenhuma outra.
Mas me conta, me conta por favor!
Por que por tanto tempo, tanto tempo, mesmo grande, calada foi?

Me conta agora, eu estou sem sono, tenho a mente aberta para lhe ouvir falar.
Me conta agora, eu estou bem, tenho tudo que precisa se quiser chorar.
Me conta agora, eu grande sou, não tenha medo de me olhar.

E eu lhe ajudo, como sempre quis, como quero agora.
Eu lhe devolvo todo tempo que demorou.
Mas por favor, me entrega a flor que ele levou.
Me entrega o sorriso que ele roubou.
Me entrega e eu lhe devolvo em dobro tudo que sobrou.

Porque por tanto tempo, tanto tempo.
eu.
também.
fui.


(Não tente entender, não há nada para ser compreendido aqui, nem por você, nem por mim.)

sábado, 7 de abril de 2012

Homenagem à minha guerreira.


Como é bom te ter na minha vida.
E como é pretensiosa essa minha colocação, pois, afinal, foi tu mesma quem me geraste e me fizeste filha tua.
Como é bom o teu abraço, como é melódica tua risada.
E essa tua meiguice parece demorar a revelar a mulher que se faz homem nos momentos mais difíceis.
Disse o poeta uma vez: Era ela mais mulher que eu era homem. (adaptado)
És tu mais preciosa que a pérola que embeleza teu pescoço.
És mais doce que o mel que tua boca saboreia.
És tanto para mim que nem ouso revelar em palavras tanto amor.
Seria banal demais dizer para ti coisas que qualquer um diz a qualquer outro.
Te amar é a forma mais pura de sentimento que há em mim.
Nesse amor não há mágoa, não há ressentimento, não há medida.
Esse amor, minha mãe, é sincero e se faz presente no meu coração a cada segundo, sem falhar momento qualquer.
Tu és tão exemplar aos meus olhos que meu maior desejo é ser, a cada dia, um pouco mais de ti.
Não quero parecer exagerada, mas seria falso demais dizer que não te amo tanto quanto digo (ou mais).

Tu és linda!
E a cada ano te tornas mais amada, mais querida, mais e mais em mim.

Um feliz aniversário a ti que me seguraste meses em teu ventre, que me carregaste meses em teus braços e que, mesmo depois de adulta, ainda me carregas e és suporte forte, és fortaleza única na qual eu sei que posso ficar segura sempre que precisar.

Eu te amo.
Um feliz aniversário, minha guerreira.

(Post simples, mas sincero por inteiro)

sábado, 24 de março de 2012

Eu estava aqui pensando...


Então, como se chama mesmo aquela coisa...
Aquilo que mostra os dentes e...
Como é mesmo?
Aquilo que você tem que esticar os lábios como um elástico...
É na boca, acontece na boca...
É... É...
Ah, sim! Sorriso!
Estou com um agora.
Sem motivo aparente.
Isso não me acontecia há um bom tempo nessa face que até pouco jorrava lágrimas de aparente dor.

Pois é.
Acho que desacostumei a sorrir depois que. E desacostumei a achar isso comum depois de.
Mas, isso não vem ao caso.

O fato é que estou com um sorriso bobo, torto e sincero.
Minha mandíbula dói, mas não há dor mais prazerosa que essa de sorrir o dia todo, a todo instante.
O motivo?
Pois bem.
O motivo, deixe-me pensar por um breve instante.
(breve instante)
Não sei...
Talvez possa ser algo tão óbvio e lógico que eu esteja querendo evitar por achar que não é, mesmo sendo.
Ou, talvez, nem seja tão lógico assim.
Que loucura quando tentamos achar respostas para a dor e não as encontramos.
Loucura maior é tentar achar respostas para a felicidade quando sabemos que a felicidade não é dotada de uma explicação racional.
E mais: felicidade não é para ser explicada, é para ser sentida.
Tudo bem, eu sei que parece meio clichê, mas não encontro nada melhor no momento.

Então, o que eu ia dizer mesmo?
Ah, claro!
Eu estou feliz, apesar de tantas preocupações (que não são poucas, nem pequenas) eu estou feliz.
Feliz por conseguir lidar com cada uma delas.
Feliz porque não há palavra melhor que me explique agora.
Feliz porque consigo ser mais forte do que antes achei que fosse.

Não deixei de chorar.
Continuo a lubrificar meus olhos com um sentimento puro de amor, saudade, preocupação e, por vezes, tristeza.
Mas, essa tristeza já não impera mais aqui.
Aqui impera a alegria, a fé, o sonho, a luta, a vontade.

E eu devo isso a tantos, tantos...
A você, minha mãe amada, querida.
A você, minha família imperfeita.
A vocês, meus amigos (os verdadeiros), meus irmãos que escolhi.
Eu devo isso a Ti, meu Deus, que em momento algum me abandonaste.
Devo a tantos que se fosse nomear não caberia aqui.

E devo a mim.
Porque nada seria possível hoje se eu tivesse desistido por inteiro.
Estaria nadando em outros mares, voando em outros ares, queimando em outros infernos.

Obrigada a você, a mim, a nós.

Eu estou feliz.
E deixo aqui registrado para a prosperidade que pode, sem querer, tentar me roubar de novo esse sentimento que eu quero levar para a vida inteira.

HOJE EU FUI FELIZ.
E ESPERO CONTINUAR SENDO.


(créditos da foto a minha querida Nizer Freitas)




quinta-feira, 8 de março de 2012

Amor Meu, de mim para mim mesma.



Eu estou querendo mudar.
Mudar do verbo "mudar para melhor", entende?
E mudar para melhor requer que eu abra mão de algumas coisas.
Não que eu não goste da forma como sou, muito pelo contrário, eu me amo por inteira, eu tenho amor-próprio, eu amo ser feliz, eu amo a vida e, acima de tudo, amo minha essência.
Amo essa essência que eu trago de berço, trago da infância, trago da adolescência e levarei comigo até meu último piscar de olhos.
Admito que até pouco tempo (muito pouco tempo) eu não tinha todo esse amor por mim mesma.
Admito que falhei comigo mesma. Não contigo, nem com ela, nem com ele. CO-MI-GO.
Falhei quando tentei ver as minhas qualidades, que eu sabia que tinha e tenho, no corpo de outras pessoas.
Falhei quando tentei inconscientemente mudar outras pessoas como forma de torná-las mais próximas de uma realidade que é minha e que, por sinal, é MAGNÍFICA!
Uma realidade que nem eu mesma lembrava que era minha e por isso buscava implantá-la em outros.
Uma realidade de lutas e vitórias que me renderam muitas dores, muitas lágrimas e muitos sorrisos.
Uma realidade em que eu mesma posso decidir ser ou não ser feliz.
Uma realidade em que os meus sonhos são MEUS... E como é bom poder sonhar os MEUS sonhos e não o de vocês.
E melhor ainda saber que eu posso lutar.
Eu queria que sentissem minha dor para amadurecerem, que tivessem os mesmos desafios para crescerem como pessoas, que tivessem que lutar como lutei para darem valor ao mais simples gesto, à mais simples forma de 'ser' sem necessariamente 'ter'.
Minha vida inteira foi luta e como poderia eu querer fugir dessa minha característica de guerreira justo agora?
Como pude eu por certo tempo distanciar-me de mim mesma, dessa minha essência só para tentar mostrar aos outros que não há nada mais lindo, puro e humano que o amor?
Cada um deve aprender por si só.
(Se você ainda não aprendeu, calma, a vida te mostra. Uma hora ou outra ela de mostra.)

Como é doce a percepção de tudo isso.
Como é leve o olhar sobre mim mesma nesse momento.
Como é lindo esse meu mundo onde eu amo, eu luto, eu sonho, eu vivo!

Eu quero mudar.
E digo mudar do verbo "mudar para melhor".

Porque eu pequei comigo mesma quando me deixei ser desvalorizada, quando me deixei ser enganada, quando deixei que o mais puro de mim, esse coração que não é de aço e que emana amor por todos os lados, fosse minimizado, maltratado e tratado como coisa qualquer a ser jogada aqui, ali e lá.

Eu pequei quando não me amei para amar os outros.
Pequei quando deixei que banalizassem minha essência de ser verdade, de ser inteira e nunca, jamais!, pela metade.

Por isso eu quero mudar, mas não para agradar alguém, porque afinal é impossível agradar todo mundo. É impossível viver querendo agradar o mundo alheio.
Não quero mudar a cor do cabelo, a roupa que eu visto ou qualquer coisa do tipo tão fútil perto daquilo que pode ser melhorado.
Eu quero mudar o que agora, escrevendo esse texto, percebi que já mudei.
Porque agora eu me amo como eu sempre quis.
Agora eu sou capaz de ser feliz, mais e mais e mais.
E sempre.


Só depende de mim.


(Foto: créditos à fotógrafa Nízer Freitas)


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pra sempre!



Conversando com uma pessoa muito importante e especial pra mim, a mesma das outras vezes, das passadas e das futuras, lembrei um pensamento que por muito tempo povoou minha mente e me fez tomar grandes decisões. Grandes para mim, recordo, e que talvez não sejam para ti.
Essa história de que ficar lembrando de quem já se foi só faz doer mais a alma.
Por tantas vezes me peguei olhando fotos, recordando fatos, ouvindo coisas que me fizeram transbordar o que há de mais puro em mim por entre essas janelas que são capazes de revelar o mais íntimo que há em nós.
Sim, eu chorei e ainda choro quando lembro.
Mas, parece que as pessoas associam o choro diretamente à dor. De fato, sinto dor.
Mas, ao mesmo tempo, lembrar quem ele foi e quem ele é ainda me faz muito bem.
É maravilhoso poder prestar homenagens, poder falar dele, poder fazê-lo conhecido aos desconhecidos.
Poder fazê-lo de exemplo para mim, para nós.
Por que não lembrar?
Por que não lembrar as risadas incontáveis, os abraços tímidos, as conversas sérias, a sua forma de ser humilde sendo tanto para tantos?
Por que não lembrar a sua constante luta, a sua fé inabalável, os seus sonhos simples, a sua preocupação com quem nem se sabe mais?
Por que não falar de ti, pai, que tanto fez por mim e nada pude dar em troca? Eu não tive tempo, não me restou vida em ti para dar mais de mim.
E dar minha vida por ti e poder eu ser em teu coração o que já não enxergo em mim.
Ô meu pai!
Ô meu velho!
Tão bem vividos, e sofridos, e lutados, e sonhados 51 anos de vida.
51 anos estacionados frente a vitórias, derrotas, conquistas e fracassos.
Ô pai! Nunca te achei perfeito, tu tinhas tantos, mas tantos defeitos!
Mas o que me interessam eles?
Aprendo com teus erros, aprendo com teus acertos, aprendo contigo, meu velho!
E naquela música cantarolada enquanto te velava no teu doce sono eterno, o violeiro arrancou da garganta quase um gemido que dizia: 'Mas o tempo cercou minha estrada, o cansaço me dominou, minhas vistas se escureceram e o final desta vida chegou.'
E nestas palavras eu entendi que até o mais bravo dos guerreiros um dia se vai.
E o mais bravo guerreiro morre em batalha.
E foi assim, desse jeito que eu te guardei em meus pensamentos.
Um guerreiro forte, persistente, paciente, sábio.
Que teve orgulho suficiente para lutar uma guerra sozinho, mas que teve humildade de sobra para encarar o final da batalha.

Escrevi tanto, mas só queria dizer que apesar de a vida só ter permitido a ele que vivesse apenas 51 anos, ainda comemoro os anos que passaram desde o seu nascimento.

55 anos... E poder lembrar-me de todos os outros que virão, embora não possa te dar aquele abraço de parabéns.
Embora não possa ouvir tua voz agradecendo meu abraço.
Ainda assim, meu pai, agradeço porque há 55 anos ouviu-se o choro de uma criança que um dia se tornaria tão importante e essencial na minha vida.
Muito obrigada por me dar a honra de ser tua filha.
Obrigada por me ensinares tudo que aprendi.
Obrigada por seres o exemplo claro de honestidade e humildade.
Obrigada por, mesmo depois de partir, continuares sendo tão presente em minha vida.
Eu te agradeço, pai, por tudo e continuarei a agradecer enquanto ainda tiver voz para fazer meu amor por ti ressoar por todos os cantos.

Eu te amo.
E eu vou te amar.
Sempre.

(Texto escrito em homenagem ao aniversário de Valério Schillo, 55 anos, dia 23 de janeiro de 2012)