domingo, 28 de agosto de 2011

A verdade é que...


Eu não sei se você sabe...
É, você. Você mesmo.
Eu não sei se você sabe, mas existe alguma coisa em você que me hipnotiza.
Não é apenas a beleza, o jeito, a inteligência ou o modo de andar.
É algo a mais... Talvez seja algo que esteja escondido nesse seu sorriso e nessa sua forma de sorrir com os olhos.
É um mistério.
Não quero fazer parecer algo que não é.
Nem tão pouco quero ocultar esse sentimento dentro de mim.

Pra ser sincera, eu gostaria de bater na sua porta.
Bater insistentemente até você abrir.
E, depois de aberta a porta, provavelmente eu ficaria sem reação.
Não porque eu não estivesse preparada para essa situação, mas certamente ficaria tonta (como sempre) ao ver você parado na porta olhando para mim sem entender o que está acontecendo.
E esse seu olhar de dúvida me deixaria mais tonta ainda.
Eu inventaria uma desculpa esfarrapada.
Muito esfarrapada.
Afinal, por que eu iria bater justo na sua porta em um momento como esse?
Mas, eu não teria medo.
Já me arrisquei tantas vezes, uma a mais não faria diferença.
Por você vale a pena.
Vale a pena esperar meses para ouvir as mesmas respostas, as mesmas desculpas.
Eu poderia poupar você de todo esse discurso repetido.
Mas eu não quero poupar nada. Nem a mim, nem a você.

Às vezes me pergunto se não seria mais fácil te esquecer.
Tantos meses já teriam feito você virar pó em minha memória.
Mas você não vira. Você insiste. Você fica.
Você ressurge, você pede e você se arrepende.
E se arrepende de novo, e de novo, e mais uma vez.

E a cada arrependimento seu, eu digo a mim mesma para não me apaixonar por ti.
Você é proibido.
E por mais que eu repita mil vezes isso para mim, sempre acabo enrolada na mesma teia.
Essa teia cheia de encontros e desencontros.
Esse emaranhado de sentimentos e vontades que só tenho com você.

Eu sei que, agora, não posso pedir muito.
Ou melhor, não posso pedir nada.
Por isso sigo assim, dessa forma: aproveitando sempre o máximo do mínimo que você pode me dar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem...? Eu...?
Aquele que sempre buscou a sua atenção. Que sempre fez de tudo para conseguir fazer parte da sua vida, aproveitando o máximo dos suspiros, dos sonhos.
Tenho vivido há algum tempo de sonhos.
Sonhos são ótimos, você consegue reviver todos os momentos quantas vezes quiser. Mesmo aqueles mais inocentes, onde a minha felicidade vem do que você não disse, talvez porque você não queria dizer o que realmente sentia.
Mas mesmo os sonhos acompanham a maré.
Essa maré de emoções que variam com o brilho dos seus olhos, muitas vezes ofuscante e envolvente, provocante e inebriante. Olhos que me deixam totalmente sem ação, sem controle, sem consciência.
Outras vezes parecem apagados, sem vontade, sem vida, sem desejo. Nessas horas não há rastro da fonte que outrora incandescia.
Queria eu que você pudesse emprestar do meu fogo para manter o seu sempre aceso. Mas preferiria que a sua fonte nunca se esvaísse.

O que te hipnotiza não é "beleza, o jeito, a inteligência ou o modo de andar"... Não... Nunca te impressionei com isso.
Não é só a forma com que meu olhos sorriem quando te veem, mas a forma com que eles intensificam tudo o que os seus fazem. É a forma que eu te abraço com os olhos, que eu te beijo com os olhos, que eu aproveito cada mínima brecha deixada nas suas janelas e que eu toco a sua alma cada vez que você baixa a guarda.

Se você realmente batesse à minha porta, o que acho praticamente impossível por você estar sempre preocupada com o que vão pensar, eu realmente não entenderia o que acontecera. Seus olhos ainda me enganam. Talvez não os seus olhos, mas a boca, que insiste em fugir de mim, me mandar embora, desconversar, diminuir a intensidade e as possibilidades de cada momento.

Porque você bateria à porta seria claro, só não seria claro se você se permitiria continuar seguindo os seus pés. Não seria claro se você tornaria a bater à porta novamente.
Você até pode achar que sim, mas não sei se realmente valho a pena. Não sei se você vale a pena. Não sei se seria eu como um inseto que endeusa a luz que é a sua perdição.
Mas eu também me arriscaria... Não... Me arriscarei.
E continuarei dando as mesmas desculpas. Faço questão delas. Elas me mantém preso a este mundo e não me deixam me perder de vez nos sonhos.

E como também é difícil de te esquecer, mesmo que por alguns instantes.
Mas também não deixo barato. Foi muito tempo insistindo, cravando cada milímetro das minhas garras em você. O mínimo que eu espero é que você tenha muito trabalho.
Mas tenho facilitado para você.
Há uma disparidade muito grande entre as partes.
Enquanto eu lutava para capturar migalhas, você já tinha uma boa parte do todo nas mãos e manuseava sem muita consciência.
Mesmo agora que sinto ter conseguido um montante considerável, você ainda resiste com facilidade. Me fazendo sentir minúsculo.

Mas mesmo sem seu corpo, uma parte da sua alma já me pertence. Essa você não recupera mais.
O que você não entendeu ainda é que a questão nunca foi o quanto eu posso te dar, a balança nunca pesou para esse lado. A questão sempre foi o quanto você se permite aproveitar de tudo isso que sentimos um com o outro, o quanto você consegue esquecer o resto do mundo quando estamos frente a frente.

Escrevo ainda anônimo todas estas palavras um tanto desconexas, sem nem ter a certeza de que as suas foram para mim, mas com a certeza de que ainda haverei de me perder muito no abismo desses olhos.