sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cachorros

Eu tenho uma cachorra.
E pior: é uma pintcher!

Quando eu deito debaixo das cobertas quentinhas, ela vem e chora para que eu a cubra também.
Pra que?
Cachorro tem que passar frio mesmo.


Ela é pequena e gorda.
Ela é gorda e feia.
Tem dois olhos saltados e meio metro de nariz.
Cachorro tem que ser feio mesmo.
Acho que essa é a condição básica para sua existência.

Quando eu sento à mesa para comer, ela vem e choraminga querendo um pedaço de queijo.
Ora bolas, onde já se viu?
Cachorro tem que comer ração, caso contrário que coma os calçados.

Quando chego em casa ela vem abanar o rabo (que não tem) em busca de algum agrado.
Eu a ignoro como se nada estivesse acontecendo.
Imagina só, ter que dar minha preciosa atenção à uma cachorra.
Cachorro tem que ser ignorado, se não pensa que é rei da casa.

Quando chega alguém ela já avança.
Eu dou alguns gritos e ela corre com o rabo (que não tem) entre as pernas.
Veja bem se eu preciso de guarda-costas.
Cachorro tem que ficar num canto quando tem visitas.

Acho que cachorro nem devia existir.
Só servem pra nos dar carinho e nos alegrar quando estamos tristes.
Só servem para que nos apaixonemos inevitavelmente por eles mesmo sabendo que eles não vão durar nossa vida inteira.
Só servem para serem nossos melhores amigos quando ninguém mais quer nos escutar.
Só servem para mostrar ao "ser humano" o que é SER humano.
Só servem para mostrar o quanto a solidariedade é linda e nos torna melhores.
Só servem para mostrar que as guerras são apenas comprovações da nossa mais pura ignorância.

Cachorros, acho que só eles deveriam existir.
Gabriele Schillo


(Na foto a Tifany, posando toda toda pra foto ^^)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Morrer é ridículo


"Morrer é ridículo", disse Pedro Bial em um de seus famosos textos.

De fato, morrer é quase um crime.
Quando tudo ia bem, morremos.
Sem qualquer explicação.

Mas, o que Pedro Bial não disse é que morrer é ridículo para quem fica, e não para quem vai.
Quem fica sofre, chora, fica morto em vida.

Mas, para quem vai, morrer é divino.
Tão divino que mesmo a morte mais dura se torna doce depois de acontecer.
Não se sente mais nada.
Nem o frio, nem o calor. Muito menos sente-se dor.
Não se escuta mais nada.
Nem as mentiras, nem as bobagens. Muito menos escuta-se a falsidade.
Não se vê mais nada.
Nem as tempestades, nem os feios. Muito menos vê-se o sofrimento.

De pó somos feito, e pó viraremos enfim.

Morrer é divino.
Tão divino que prefiro ficar por aqui mesmo.
Sentindo o que não quero, escutando o que não gostaria, e vendo tudo aquilo que poderia ser tapado (não com a terra, mas com a própria rendição to ser humano à felicidade)

Viver é sim ridículo.
Vivemos tão intensamente que nos tornamos vulneráveis à qualquer coisa, até mesmo à morte.
Vivemos e nos perdemos em vida, às vezes sem nunca nos encontrarmos.
Viver é tão ridículo quanto morrer.
Tão ridículo que chega a ser saboroso.
E quando o sabor se torna bom, tentamos ao pecado.
Viver é ridículo.
Viver é pecar.
Viver é esperar.
Esperar algo que só saberemos se encontramos ou não quando estivermos prestes a morrer.
Esperamos a felicidade... Uma felicidade imposta, que poucos têm.
Felicidade esta que vivemos buscando, e morremos esperando.
E por mais cruel que seja, é bom que vivamos na constante busca da felicidade.
Caso contrário, viveríamos para que?
Buscando o que?
Vivendo ridicularmente só por viver?

"Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu." Luis Fernando Veríssimo.


Gabriele Schillo

(Na foto o pôr-do-sol mais lindo. Porto Alegre, RS. Parque do "gigantinho")

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Um pequeno desabafo

Já tenho mais de 5 postagens em meus rascunhos que não consigo concluir.
Isso me irrita.

Não sei por que, mas tem algo que anda me deixando um tanto quanto desconfortável nesses últimos dias.
E esse desconfortável me afeta diretamente na hora de escrever.
Não sai, não adianta, eu já tentei, juro!

Eu olho para esta tela do computador e ela parece retribuir cinicamente meu olhar dizendo: não, você não vai conseguir escrever.

E o pior é que eu acredito nela.
Não só acredito, como também não me esforço para contrariá-la.

Inspiração é algo que não me basta para escrever. Preciso de mais, preciso de conteúdo mais sólido, de algo que realmente mexa com meus sentimentos, algo que me emocione e que eu possa transbordar essa emoção em palavras.
É, é disso que eu preciso.


Postagem sem conteúdo, sem imagens, sem cor, sem graça, sem nada.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Amor que não se mede...



Bom...
Para quem quiser ler, aí está o poema que escrevi em homenagem ao meu melhor e mais fiel amigo: Valério Schillo, meu PAI.





"TÁ TUDO BEM"

Acho que foi a primeira vez que te vi nascer...
Um pequeno raio por entre as montanhas,
Despontando aos poucos, levemente, de mansinho,
Convertendo a escuridão cega na mais bela manhã de domingo...

Não me recordo de quantas vezes brinquei de sombra contigo...
Incrível! Tu sempre me ganhavas...
Sol danado! Perdi as contas das risadas que dei ao teu lado...

Tu chegaste ao pino.
Lá no alto onde os pássaros entoam
O mais belo cântico:
As rosas que lhe dou
Demonstram tudo o que se transformou em pranto.

Tão bom quanto te admirar, era teu calor
Que me aquece o coração, te cobre com o meu
E vice-versa.
Sol danado! Perdi as contas do frio que não passei em teus braços.

Lembro-me claramente quando sentei
Esperei...
Cantei...
Até chorei
Na esperança de ver teu pôr-do-sol.

Acho que perdi meu tempo.
A chuva chegou de mansinho
Tornou-se tempestade
E num tornado que aparentemente estava de passagem...
Sol, tu foste embora...

Eu te pergunto:
E agora? Quando mais preciso do teu calor,
Da tua luz,
Da tua alegria...
Será que ficará tudo bem?
Tu me respondes: calma, TÁ—TU-DO—BEM.


Pai, meu grande amor, aqui também está “tudo bem”.


Gabriele Dors Schillo





"Qualquer coisa, para acontecer, precisa primeiro acontecer no nosso coração." Valério Schillo

domingo, 17 de maio de 2009

Matemática da vida


Bom mesmo seria se a vida fosse pura matemática.
A matemática é exata, não tem erro (se você souber lidar com ela).

Imaginem só se todos os nossos problemas pudessem ser resolvidos apenas com equações que gerassem um resultado exato sobre aquilo que se quer resolver.


Ou melhor ainda seria se pudéssemos somar tudo aquilo que há de bom e diminuir tudo aquilo que nos deixa mal, gerando um equilíbrio que deixasse melhor a nossa vida.
Melhor ainda se pudéssemos multiplicar o tempo.
É isso mesmo: multiplicar o tempo.
O tempo daqueles momentos inesquecíveis que a gente nunca quer que passe depressa.
Multiplicar também aquele tempo que não volta mais.

Já pensou se na vida pudéssemos dividir tudo aquilo que há de bom com todas as pessoas maravilhosas que cruzam nosso caminho? Isso seria o máximo.

Ah! Quem dera se a vida fosse pura matemática.

Diminuiríamos as distâncias.
Aumentaríamos a dose de carinho.
Refazeríamos alguns cálculos e, assim, voltaríamos no tempo.
Equacionaríamos problemas a fim de encontrar soluções rápidas.

Calcularíamos nosso próprio destino da forma que quiséssemos.
Poderíamos evitar tragédias, tardar tristezas ou anulá-las de vez.

E quem sabe não aprenderíamos nada, pois não cometeríamos erros.
Não cresceríamos como pessoas, pois não haveriam talvez nem problemas.
O nosso destino estaria totalmente e unicamente em nossas mãos, sem depender de outras pessoas e, então, perderia a graça.
Os fatos não nos surpreenderiam, pois eles já estariam previamente calculados.

Pensando bem, melhor seria se a vida não fosse pura matemática.

Bom mesmo seria se a vida fosse assim como ela é.
Sem adicionar nada.

(Aceitar a si mesmo e tudo aquilo que a vida nos proporciona. É assim que deve ser.)



Gabriele Schillo

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Lições de vida


Engraçado..

Quando eu paro e penso na vida, eu sempre me deparo com lembranças que me vêm à mente como pequenos fragmentos que, unidos, descrevem minha história.

Minha memória é extremamente fraca, não posso negar, mas mesmo assim me lembro das grandes lições que tive até agora.


As maiores lições que tive foram simples, porém tão válidas que as carrego comigo dia a dia.

Dentre elas estão as que aprendi com meu pai, mas quero deixá-las para um texto mais específico a respeito dele.

Bom, eu tinha um amigo. Ou melhor, eu tenho um amigo, um grande amigo que perdeu sua mãe na mesma época em que perdi meu pai, só que com um ano de antecedência.

Fazia um bom tempo que eu não falava mais com ele, infelizmente, pois perdemos o contato.


No entanto, creio que involuntariamente, ele me deu uma das maiores lições de vida que eu podia imaginar.

Neste último dia das mães ele veio falar comigo e disse:

"posso te pedir um favor?"

Eu respondi: "é claro!"

E ele disse: "manda feliz dia das maes pra tua mae"


Para muitos, pode parecer algo bobo ou sem importância. Mas, naquele instante eu me emocionei, e foi ali que eu percebi como a vida é, como ela pode ser e como nós queremos que ela seja.


Se fosse eu no lugar dele, me trancaria no quarto e jamais desejaria um feliz dia das mães para outra mãe que não fosse a minha. E assim passaria o dia calada, apenas ouvindo minha própria respiração.


Mas hoje, mudei.

Ninguém precisava saber que passei por essa mudança, mas todos precisam saber que é preciso mudar, de forma simples, mas mudar.
Pouca coisa, talvez quase nada.
Mudar um "tique", um jeito.
Mudar um pensamento.
Mudar o olhar.
Mudar a forma de olhar.
Mudar o mundo.
Mudar a si mesmo.
De qualquer forma, seja a mudança do tamanho que for.
Mas mude (para melhor, é claro).


(na foto: eu, minha irmã e minha mãe)



Gabriele Schillo









terça-feira, 12 de maio de 2009

Fazer a diferença


Ontem, quando jantava com meu primo, ele me disse algo que realmente me fez refletir:
"Eu gostaria de fazer a diferença, mas tenho medo do que os outros vão pensar."

Bom, é claro que para muitos isso parece um tanto quanto óbvio, pois é quase natural do ser humano tentar fazer a diferença, seja como for.
No entanto, nos preocupamos instintivamente com o que os outros irão pensar. Afinal, somos vítimas de olhares minuciosos todos os dias e não temos como escapar.
Quando percebemos, lá estamos nós, na "boca do povo".

Mas, afinal, o que seria fazer a diferença?
Para muitos fazer a diferença tem que ter gosto de grandiosidade.
Realizar grandes ações para um número ilimitado de pessoas.
Um grande feito que marque a história.
Algo que não se possa medir, mas que todos possam sentir.

Para outros, fazer a diferença não necessita ser obrigatoriamente algo magnífico que fique marcado para milhares de pessoas.
Fazer a diferença pode ser, simplesmente, dar um sorriso àquela pessoa que quase sente dor ao mexer a mandíbula de tanto tempo que ela está parada.
E de fato, é dessa forma que eu quero fazer a diferença.
Pequenas ações, sem precisar ir muito além.
Quero passar pela vida das pessoas, mesmo que sejam poucas, e deixá-las um pouco melhores.
Seja com um sorriso, uma flor, um abraço, uma palavra (ou, quem sabe, milhares delas).

Poderia citar dezenas de pessoas que deixaram sua marca ao longo da minha curta, porém muito experiente vida. Mas vou citar aquela que mais me marcou até hoje. Eu nem sequer sei o nome dela, mas quando eu estava em prantos ela veio, sentou ao meu lado e disse: precisa de ajuda? (sorrindo).
E eu respondi: não, obrigada. (sorrindo também).



Prazer, eu sou Gabriele Schillo.
Bem-vindo ao meu blog.