sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pra sempre!



Conversando com uma pessoa muito importante e especial pra mim, a mesma das outras vezes, das passadas e das futuras, lembrei um pensamento que por muito tempo povoou minha mente e me fez tomar grandes decisões. Grandes para mim, recordo, e que talvez não sejam para ti.
Essa história de que ficar lembrando de quem já se foi só faz doer mais a alma.
Por tantas vezes me peguei olhando fotos, recordando fatos, ouvindo coisas que me fizeram transbordar o que há de mais puro em mim por entre essas janelas que são capazes de revelar o mais íntimo que há em nós.
Sim, eu chorei e ainda choro quando lembro.
Mas, parece que as pessoas associam o choro diretamente à dor. De fato, sinto dor.
Mas, ao mesmo tempo, lembrar quem ele foi e quem ele é ainda me faz muito bem.
É maravilhoso poder prestar homenagens, poder falar dele, poder fazê-lo conhecido aos desconhecidos.
Poder fazê-lo de exemplo para mim, para nós.
Por que não lembrar?
Por que não lembrar as risadas incontáveis, os abraços tímidos, as conversas sérias, a sua forma de ser humilde sendo tanto para tantos?
Por que não lembrar a sua constante luta, a sua fé inabalável, os seus sonhos simples, a sua preocupação com quem nem se sabe mais?
Por que não falar de ti, pai, que tanto fez por mim e nada pude dar em troca? Eu não tive tempo, não me restou vida em ti para dar mais de mim.
E dar minha vida por ti e poder eu ser em teu coração o que já não enxergo em mim.
Ô meu pai!
Ô meu velho!
Tão bem vividos, e sofridos, e lutados, e sonhados 51 anos de vida.
51 anos estacionados frente a vitórias, derrotas, conquistas e fracassos.
Ô pai! Nunca te achei perfeito, tu tinhas tantos, mas tantos defeitos!
Mas o que me interessam eles?
Aprendo com teus erros, aprendo com teus acertos, aprendo contigo, meu velho!
E naquela música cantarolada enquanto te velava no teu doce sono eterno, o violeiro arrancou da garganta quase um gemido que dizia: 'Mas o tempo cercou minha estrada, o cansaço me dominou, minhas vistas se escureceram e o final desta vida chegou.'
E nestas palavras eu entendi que até o mais bravo dos guerreiros um dia se vai.
E o mais bravo guerreiro morre em batalha.
E foi assim, desse jeito que eu te guardei em meus pensamentos.
Um guerreiro forte, persistente, paciente, sábio.
Que teve orgulho suficiente para lutar uma guerra sozinho, mas que teve humildade de sobra para encarar o final da batalha.

Escrevi tanto, mas só queria dizer que apesar de a vida só ter permitido a ele que vivesse apenas 51 anos, ainda comemoro os anos que passaram desde o seu nascimento.

55 anos... E poder lembrar-me de todos os outros que virão, embora não possa te dar aquele abraço de parabéns.
Embora não possa ouvir tua voz agradecendo meu abraço.
Ainda assim, meu pai, agradeço porque há 55 anos ouviu-se o choro de uma criança que um dia se tornaria tão importante e essencial na minha vida.
Muito obrigada por me dar a honra de ser tua filha.
Obrigada por me ensinares tudo que aprendi.
Obrigada por seres o exemplo claro de honestidade e humildade.
Obrigada por, mesmo depois de partir, continuares sendo tão presente em minha vida.
Eu te agradeço, pai, por tudo e continuarei a agradecer enquanto ainda tiver voz para fazer meu amor por ti ressoar por todos os cantos.

Eu te amo.
E eu vou te amar.
Sempre.

(Texto escrito em homenagem ao aniversário de Valério Schillo, 55 anos, dia 23 de janeiro de 2012)

4 comentários:

adrianombonatto disse...

Parabéns, Gaby!!!
O texto ficou realmente muito bom!!
Mas espero que os demais sentimentos possam sempre superar a dor que você sente.
Beijão!!!

Anônimo disse...

Sabia que tu ia comentar!
Meu leitor VIP!
Pode deixar, meus sentimentos são lindos com relação ao meu pai, já não sinto mais tanta dor!
Qual a dica para tema do próximo texto?

GABY

adrianombonatto disse...

Chuva de meteoros!!!

Anônimo disse...

Chuva de meteoros? Ok. Desafio aceito!

GABY