segunda-feira, 20 de junho de 2011

Alguns brincos, um esmalte nas unhas e uma maquiagem a desenhar o rosto.


Sabe, eu sempre fui muito ligada na questão da vaidade.
Sempre gostei de me produzir para me sentir bem comigo mesma e, confesso, causar boa impressão para as outras pessoas.
O fato é que de uns tempos para cá eu venho me desligando muito dessa história de ter que me produzir para sair de casa.
Geralmente, fica explícito o meu estado de humor na forma como me visto.
Infelizmente, as roupas que eu tenho usado, a falta de maquiagem no rosto e as unhas por fazer denunciam meu desânimo atual.

Estou contando tudo isso porque nesse final de semana que passou estive conversando com uma pessoa que é muito especial para mim e que tem me ajudado muito com algumas decisões que eu venho tomando em minha vida.
No meio da conversa ela parou, olhou para mim e da forma mais espontânea e sincera me perguntou: por que você não usa mais brincos?
Fiquei em silêncio por alguns instantes e, por mais que meu cérebro se esforçasse em tentar resgatar algum fato isolado para responder àquela pergunta, ele não conseguia.
Resolvi, por fim, admitir que não tinha mais tanta vontade de me produzir como antes.
Ela olhou para minhas mãos, percebeu as unhas não pintadas e questionou a respeito delas também.
Nesse momento eu lembrei que minha psicóloga já havia me questionado várias vezes sobre isso, sobre a Gabriele vaidosa que ela conheceu e a Gabriele que sentava-se diante dela nos últimos tempos para falar de suas intimidades.

Pois bem.
Passou o final de semana e eu resolvi que algo deveria ser mudado.
Algo que partiria do mundo exterior, mas que causaria mudanças dentro de mim.
Vesti uma calça jeans, coloquei minhas botas, vesti minha blusa xadrez e parti rumo às lojas de bijuterias.
Fiz um pequeno roteiro, passando por três delas e calculando quanto eu gastaria em cada uma.
Na primeira, parei diante da parede forrada de brincos de todos os tipos e valores.
Fiquei uma meia hora a procurar algo que me agradasse.
Coisas que eu pudesse usar a hora que quisesse.
Olhei brincos extravagantes que nada tinham a ver com a minha personalidade e que demonstrariam algo que eu não sou.

Até que, no meio disso tudo, encontrei um pequeno brinco. Ele não era o mais bonito, nem o mais chamativo. Não era o mais pequeno, mas também não se enquadrava entre os brincos grandes.
Ele era simples. Tão simples quanto tem sido minha vida.
Sem muitas riquezas, sem grandes acontecimentos (salvo alguns poucos e bons).
Percebi que na simplicidade daquele brinco estava muito de mim mesma. Estava o olhar muitas vezes perdido na imensidão de um céu que já não ostentava tantas estrelas. Estava também a minha forma de lidar com as pessoas, uma forma simples, mas com muito carinho a oferecer.

Tirei ele da prateleira e o comprei.

Fui para a outra loja.
Logo na entrada me deparei com um brinco que me chamou muito a atenção pela sua beleza.
A beleza dele era diferente, assim como a minha.
Não estou tentando dizer que sou bonita, até porque minha baixa auto-estima tem insistido em dizer o contrário, mas quero dizer de uma beleza que eu ainda sei que existe em mim.
Uma beleza que está escondida entre os destroços de uma tempestade que passou.
Uma beleza mais interior que exterior. É uma beleza recheada de sonhos, de vontades, de medos, de mistério.
Uma beleza que traz a humildade do meu pai e a coragem da minha mãe.
Uma beleza que eu quero resgatar, que eu estou resgatando...
Tão bela quanto aquele brinco eu quero ser.

Tirei ele da prateleira e o comprei.

Na terceira loja, porém, não encontrei nada que me agradasse.
Revistei cada canto daquela parede e não encontrei nada.
Foi então que eu percebi o quanto estava sendo exigente.
Não apenas exigente com relação a isso, mas com relação a mim mesma.
Quantas vezes me cobro de coisas que não há necessidade.
Quantas vezes exijo de mim algo que não precisa ser exigido.
Quantas culpas carrego que não são minhas...
Olhei, então, mais uma vez para os brincos.
Escolhi o mais barato.

Tirei ele da prateleira e o comprei.

Não estou querendo esboçar uma aparência falsa.
Quero apenas voltar a ser quem eu sempre fui.
Alguém que quer estar de bem consigo mesmo, que quer se olhar no espelho e não sentir repulsa da imagem refletida.
Alguém que quer estampar uma felicidade provisória no rosto, mas que logo se tornará uma felicidade de alma.
Alguém que não busca parar o trânsito, mas quem sabe por alguns segundos parar o coração de alguém.
Alguém que quer viver intensamente cada momento, que quer espantar o sofrimento, nem que seja com alguns brincos, um esmalte nas unhas e uma maquiagem a desenhar o rosto...







domingo, 19 de junho de 2011

Vocês, tão vocês...


É, preciso admitir: sinto sua falta.
Sinto falta das nossas conversas, dos seus sermões, das suas risadas.
Sinto falta daquele sorriso estonteante que me fazia encher de brilho os olhos...
Sinto sua falta...
Falta daquele andar despreocupado, daquele abraço apertado que só você sabia dar.
Sinto falta de poder discutir contigo, de poder falar sobre qualquer coisa.
Que falta me faz pisar em teus pés e junto contigo dançar uma valsa lenta cantarolada pela tua voz rouca e cansada.

Eu tentei fugir dessa saudade, dessa falta que você me faz.
Tentei escapar por outras vias, tentei me esconder atrás de máscaras.
Mas não adianta. Você continua aqui, no peito, pulsando junto comigo.
A cada palavra, a cada gesto, a cada passo.
Tudo que eu faço, tudo que eu sou. Tudo eu devo a ti e...
E...
E a ti... Como poderia me esquecer?
Você, tão forte, tão guerreira, tão batalhadora.
Tudo que eu estou contruindo em minha vida, hoje, dedico a ti.
Como você me encanta, me inspira, me fortalece.
Como você se faz homem sendo tão doce mulher.
E que mulher!
Mulher que faz milagres, que derruba muros e ajuda a construir sonhos.

Sinto sua falta também...
Falta das nossas confidências, das nossas brigas.
Sinto falta de acordar de manhã e receber seu abraço e de noite, quando a lua insistir em iluminar a escuridão, adormecer no teu colo no silêncio magnífico de sua respiração.

Vocês, tão vocês...
Vocês que tanto me fizeram e pouco receberam em troca...
Como fazem falta, meu Deus, como fazem falta.
Como sinto falta...

Fica aqui o vazio de quem tentou escrever até o final e não conseguiu.
De quem tentou buscar traduzir em palavras um sentimento que não se traduz, apenas se sente.

Amor, em silêncio, amor.