sexta-feira, 15 de junho de 2012

(...)



Eu tenho um segredo para contar, portanto fiquem quietos e me ouçam.
O que eu tenho para contar é algo de tamanha importância que não cabe descrever aqui.
Mas, eu preciso de silêncio, sobretudo.
Preciso que o vento se acalme e que a brisa seja tão leve que não cause barulho algum em meus ouvidos.
Preciso que os carros se aquietem, que eles parem com toda essa loucura de correr contra o tempo para chegar a tempo.
Por mais estranho que pareça, eu preciso que vocês parem de respirar por alguns segundos, pois o barulho que o ar faz quando entra nos pulmões pode atrapalhar e vocês podem não escutar meu segredo.
Para o silêncio absoluto, preciso que os bebês parem de chorar por um breve instante. Portanto, se você tem algum bebê por perto, acalme-o cantarolando canção qualquer que o faça adormecer.
Eu preciso também que se calem os passarinhos. Sei que o cantar deles é tão belo que não deveria cessar nunca, mas eu preciso desse silêncio. Talvez você more tão rodeado de pedra e cimento que jamais ouça o som dos passarinhos, então esse pedido não vale para você.
Preciso que meus vizinhos parem de discutir, pois, se eles continuarem, não terei silêncio absoluto e não poderei contar meu segredo.
Preciso que os elevadores parem de funcionar. Suba pelas escadas com pés de algodão para não fazer barulho.
Preciso que parem de escrever, de digitar. O som do teclado se ouvirá a distâncias infinitas quando os outros sons se calarem.
Fique aí, exatamente como está.
O silêncio é completo.
Não há nada que me impeça de contar meu segredo.
Tudo está em silêncio, em total silêncio.
Agora ouça. Ouça atentamente:
O silêncio.

(palavras soltas, sem muito sentido talvez.)