De repente, passei a odiar coisas
que antes amava tão profundamente que chegavam a sufocar a alma.
Sabe aquelas
pessoas que andam com os pés virados para o lado de fora? Odeio todas.
Odeio
os cachorros e como eles podem ser absurdamente fofos.
Odeio comer doces e a
possibilidade de alguém me dizer que eu deveria comer menos.
Odeio hambúrguer,
odeio lanternas que se afogam.
Odeio andar de pés descalços e odeio amar Jorge
que um dia foi amado.
Odeio tatear e ver que minhas mãos não possuem mais esse
sentido.
Odeio a ciclano e o fulano.
Odeio a melhor banda, a melhor música e
todos os seus derivados.
Odeio one, two and three.
Odeio que alguém tente me
salvar, eu me salvo sozinha.
Odeio mandolate e paçoca tanto quanto odeio aquela
Bud.
Odeio vinho e o amargo que ele deixa na boca.
Odeio passear de tarde,
odeio sorvete, odeio aquela calçada grande.
Odeio que montem sanduíches para mim e ainda ter que pagar por isso.
Odeio, e como odeio, strofonoff com arroz parboilizado.
Odeio que montem sanduíches para mim e ainda ter que pagar por isso.
Odeio, e como odeio, strofonoff com arroz parboilizado.
Odeio o plano e a falta dele.
Odeio o céu que fez florir o chão e junto com ele a certeza que já não tenho.
Odeio tanto e que tristeza me dá!
Odeio o céu que fez florir o chão e junto com ele a certeza que já não tenho.
Odeio tanto e que tristeza me dá!
Por fim, odeio
esse buraco que surgiu (meu Deus, de onde veio?) aqui no peito, aqui bem
dentro, onde ficava aquilo que nem o nome lembro mais.
Ah. E eu odeio cada mísera nota de 20 pila.