quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Tudo que eu odeio

De repente, passei a odiar coisas que antes amava tão profundamente que chegavam a sufocar a alma. 
Sabe aquelas pessoas que andam com os pés virados para o lado de fora? Odeio todas. 
Odeio os cachorros e como eles podem ser absurdamente fofos. 
Odeio comer doces e a possibilidade de alguém me dizer que eu deveria comer menos. 
Odeio hambúrguer, odeio lanternas que se afogam. 
Odeio andar de pés descalços e odeio amar Jorge que um dia foi amado. 
Odeio tatear e ver que minhas mãos não possuem mais esse sentido. 
Odeio a ciclano e o fulano. 
Odeio a melhor banda, a melhor música e todos os seus derivados. 
Odeio one, two and three. 
Odeio que alguém tente me salvar, eu me salvo sozinha. 
Odeio mandolate e paçoca tanto quanto odeio aquela Bud. 
Odeio vinho e o amargo que ele deixa na boca. 
Odeio passear de tarde, odeio sorvete, odeio aquela calçada grande.
Odeio que montem sanduíches para mim e ainda ter que pagar por isso.
Odeio, e como odeio, strofonoff com arroz parboilizado.
Odeio o plano e a falta dele.
Odeio o céu que fez florir o chão e junto com ele a certeza que já não tenho.
Odeio tanto e que tristeza me dá!
Por fim, odeio esse buraco que surgiu (meu Deus, de onde veio?) aqui no peito, aqui bem dentro, onde ficava aquilo que nem o nome lembro mais.

Ah. E eu odeio cada mísera nota de 20 pila.