sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Lembranças


É muito estranha toda essa coisa de querer e apenas querer.
Não poder ter.

Ontem eu estava sentada no sofá da sala assistindo ao jogo do Ypiranga contra o Coritiba e o Ypiranga acabou perdendo. O jogo até que estava equilibrado, mas meu time não levou muita sorte dessa vez. Vai ver que era para assim ser, não é?

Bom, mas o fato que eu quero contar vai um pouco além de um jogo de futebol. Minutos antes de começar o jogo um primo meu chegou aqui em casa. Sentou-se, tomou um café e comeu alguns pães.
Nesse meio tempo, minha mãe resolveu perguntar (mais uma vez devido à sua memória já meio falha) para que time meu primo torcia. Ele respondeu que era o mesmo time do meu pai, o Internacional.
Salvo os enjôos que tive ao ouvir essa palavra e a repulsa que senti naquele momento, senti um certo alívio, pois com certeza meu pai não escolhera torcer para aquele time por acaso.
Minha mãe ficou empolgada com a (re)descoberta e de súbito falou: Você não gostaria de ganhar alguma camiseta do Inter?
Sem pensar duas vezes ele respondeu que sim.
Sim, ele gostaria de ganhar as camisetas que eram do meu pai...
Minha irmã correu para o quarto e pegou as duas camisetas que haviam e trouxe para a cozinha.
De repente, tudo começou a acontecer mais rápido. Quando percebi estávamos no quarto dos meus pais escolhendo mais camisetas para dar ao meu primo e, de repente, eu estava sentada na sala assistindo ao jogo como eu contara no início.

Minha mãe foi até o porão. Trouxe duas sacolas cheias de roupas.
Foi mais uma vez e trouxe mais duas e dois pares de chuteiras.

Foi ali que eu percebi o que estava acontecendo. Nós estávamos nos libertando daquilo que nos aprisionava sem querer.
Três anos se passaram desde que ele se foi e só haviam restado aquelas roupas de concreto.
No entanto, por mais materialistas que nós sejamos, aconteceu algo ontem à noite que nos permitiu viver com as lembranças, e não com roupas mofadas e calçados sem pés para serem usados.
As lembranças de cada momento que tínhamos vivido valiam muito mais que qualquer outra coisa. Nada podia ser comparado à doce lembrança do abraço cruzado com meu pai (aquele de coração com coração), das danças em cima dos pés dele, das histórias incríveis sobre sua infância e juventude, dos conselhos intermináveis e das lições de vida que ele repassara para nós sem muitas vezes perceber.
De fato, ontem à noite foram-se as roupas, contudo restaram as lembranças, e essas, meus queridos, ninguém vai poder levar embora.


(Na foto, uma família que dá saudade...)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


O sol irradiou novamente minha face.
Uma luz contornou o meu corpo.
Um pedido foi atendido: Estou curada.
Curada daquela solidão, do sofrimento.
Da angústia, da tristeza.
Estou curada de corpo e alma.

A tempestade foi embora, embora eu saiba que haverão dias chuvosos.
Mas, eu os enfrentarei de cabeça erguida e com os pés no chão.
O medo de tentar já não faz parte da minha lista de sentimentos.
O sol voltou a brilhar, o mundo voltou a sorrir.
Ou melhor, eu voltei a sorrir para o mundo.

Agora sim posso dizer:
"Pai, meu grande amor, aqui também está tudo bem..."

Ps. post pequeno só para colocar um pouco pra fora o que estou sentindo... E na imagem, o meu sorriso...